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terça-feira, abril 09, 2013

Alentejo - Culturas de Primavera e Verão muito comprometidas

Segundo o docente universitário Ricardo Freixial, e muito por culpa da chuva que caiu no mês de Março, algumas das culturas de Primavera/Verão, nomeadamente o tomate, o milho, ou o melão, já estão "muito comprometidas" no Alentejo.

O docente da Universidade de Évora, em declarações à Lusa, considerou que com a chuva, o ano agrícola tornou-se "desfavorável" para as culturas de Primavera/Verão, porque "estão atrasadas na sua instalação".
O professor frisou que "no ano passado, estávamos com um mês de Março com zero milímetros de chuva e, este ano, tivemos um mês de Março no qual caíram cerca de 250 milímetros de precipitação".
Ricardo Freixial explicou ainda que existe "uma má distribuição da precipitação dentro do ano e uma diferente quantidade de precipitação ocorrida entre anos". O docente assinalou ser esta "a grande irregularidade que caracteriza o clima mediterrânico".
No entanto, Ricardo Freixial disse que para a produção de forragens e pastagens, o ano tem sido "extraordinário", porque "a precipitação ocorreu muito cedo e foi continuada até Março". Freixial sublinhou contudo que "não havia necessidade de cair tanta chuva".
"Esta chuva a mais faz com que, se calhar, essa quantidade de pastagem e forragem produzida, muitas vezes, não possa ser utilizada pelos animais, porque não podem entrar no terreno" que está alagado, ressalvou.
Para as culturas de Outono / Inverno, como os cereais (trigo, aveia e cevada), o professor universitário e agricultor destacou que o ano está a ser "extremamente desfavorável", uma vez que "as quantidades de precipitação ocorridas no início do ciclo prejudicaram os períodos de instalação".
Durante o ciclo, o excesso de água no solo causou a "asfixia radicular" e "impediu que o crescimento e o desenvolvimento das plantas acontecesse de forma correcta", ao promover "a lavagem do azoto e não permitir que o agricultor entre na seara para as suas operações culturais", explicou.
Nas culturas perenes, como a vinha, os olivais e alguns pomares, segundo Ricardo Freixial, a precipitação até foi "favorável" para o seu desenvolvimento, mas "a quantidade de água concentrada nos solos impede a realização de operações culturais".
Para o agricultor e docente universitário, a chuva ajudou na reposição das reservas de água no solo e nas barragens, contudo, "a água em excesso não vale de nada, nem sequer para as barragens, porque já estão no limite da sua capacidade de armazenamento".
Esta situação, disse, não "garante sequer que, nos sistemas de sequeiro, o stress hídrico na fase final de alguns ciclos não possa vir a acontecer com prejuízo nas produções por falta de água, se nessas fases não chover".

Texto: Pedro Soeiro c/ LUSA | Imagem: DR

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