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sexta-feira, janeiro 04, 2013

"Morreste-me", peça de teatro com Sandra Barata Belo, terá estreia mundial em Estremoz


Tal como já tinha sido noticiado (aqui) no Estremoz Soeiro, no passado dia 16 de Dezembro, a peça "Morreste-me" terá estreia mundial em Estremoz.
"Morreste-me", o primeiro livro do escritor José Luís Peixoto, foi adaptado para teatro, num monólogo sobre "a coragem de continuar", afirma a protagonista, a actriz Sandra Barata Belo.

A peça, que estreia no dia 19, no Teatro Bernardim Ribeiro, em Estremoz, é a primeira encenação de "Morreste-me", curta obra que José Luís Peixoto escreveu entre 1996 e 1997, a propósito da morte do pai, mas também sobre a família e o Alentejo.

Na apresentação da peça, esta quinta-feira, em Lisboa, Sandra Barata Belo explicou que decidiu, em conjunto com a actriz Cátia Ribeiro, avançar com a adaptação do texto, porque a escrita de José Luís Peixoto a emociona e porque quer marcar uma posição perante "tempos difíceis". 
"Em vez de me ficar a queixar de que não há trabalho, que não há apoios, que não há, não há, mas há talento, há pessoas, há generosidade, há vontade", disse Sandra Barata Belo. 
Sandra Barata Belo e José Luís Peixoto
durante a conferência de imprensa
A actriz ficou conhecida sobretudo no cinema, ao interpretar o papel de Amália Rodrigues, mas decidiu criar a produtora Beladona, para avançar com todos os projectos que diz ter na cabeça. 
Em palco estará apenas a actriz a interpretar o papel de uma filha que regressa a casa, no Alentejo, onde viveu com a família, depois da morte do pai. 
A música original é de António Zambujo, com arranjos de Manu Figueiredo, e o cenário de Rui Francisco. 
Cátia Ribeiro, que co-assina com Sandra Barata Belo a adaptação e encenação, explicou que o texto de José Luís Peixoto "tem uma voz muito poética" e que corriam o risco de, em palco, "se tornar monótono". Por isso, foram criadas variações entre as memórias da personagem e "as partes activas do texto". 
Na apresentação, José Luís Peixoto referiu que não conhece o resultado da transposição do texto para teatro, mas admitiu "uma alegria imensa" em ver o trabalho dramatúrgico, porque "é um sinal da vitalidade deste texto, escrito há tanto tempo e que continua vivo".
Ainda assim, o escritor reconheceu que hoje não seria capaz de escrever aquele texto, pessoal, biográfico, sobre "o amor ao pai, à família, à terra, à vida". 
Sandra Barata Belo encontra no texto um paralelismo sobre o país: "Sobre esta depressão colectiva que nos afecta tanto. Como é que aprendemos a andar com isto tudo que nos está a acontecer agora, com esta identidade quebrada, sem esperança, adormecidos". 
Sandra Barata Belo acredita ainda na descentralização. Por isso é que a estreia de "Morreste-me" acontece no Alentejo, para reforçar que é preciso fazer coisas fora dos centros urbanos. 
Depois de Estremoz, a peça estará em cena de 24 de Janeiro a 3 de Fevereiro, no Teatro do Bairro, em Lisboa, e a actriz espera que o espectáculo chegue a outras cidades, dentro e fora de Portugal.

Texto: Pedro Soeiro c/ Rádio Renascença | Cartaz: DR | Foto: LUSA

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