Tal como já tinha sido noticiado (aqui) no Estremoz Soeiro, no passado dia 16 de Dezembro, a peça "Morreste-me" terá estreia mundial em Estremoz.
"Morreste-me", o primeiro livro do escritor José Luís Peixoto, foi adaptado para teatro, num monólogo sobre "a coragem de continuar", afirma a protagonista, a actriz Sandra Barata Belo.
"Morreste-me", o primeiro livro do escritor José Luís Peixoto, foi adaptado para teatro, num monólogo sobre "a coragem de continuar", afirma a protagonista, a actriz Sandra Barata Belo.
A peça, que estreia no dia 19, no Teatro Bernardim Ribeiro,
em Estremoz, é a primeira encenação de "Morreste-me", curta obra que
José Luís Peixoto escreveu entre 1996 e 1997, a propósito da morte do pai, mas
também sobre a família e o Alentejo.
Na apresentação da peça, esta quinta-feira, em Lisboa,
Sandra Barata Belo explicou que decidiu, em conjunto com a actriz Cátia
Ribeiro, avançar com a adaptação do texto, porque a escrita de José Luís
Peixoto a emociona e porque quer marcar uma posição perante "tempos
difíceis".
"Em vez de me ficar a queixar de que não há trabalho,
que não há apoios, que não há, não há, mas há talento, há pessoas, há
generosidade, há vontade", disse Sandra Barata Belo.
Em palco estará apenas a actriz a interpretar o papel de uma
filha que regressa a casa, no Alentejo, onde viveu com a família, depois da
morte do pai.
A música original é de António Zambujo, com arranjos de Manu
Figueiredo, e o cenário de Rui Francisco.
Cátia Ribeiro, que co-assina com Sandra Barata Belo a
adaptação e encenação, explicou que o texto de José Luís Peixoto "tem uma
voz muito poética" e que corriam o risco de, em palco, "se tornar
monótono". Por isso, foram criadas variações entre as memórias da
personagem e "as partes activas do texto".
Na apresentação, José Luís Peixoto referiu que não conhece o
resultado da transposição do texto para teatro, mas admitiu "uma alegria
imensa" em ver o trabalho dramatúrgico, porque "é um sinal da
vitalidade deste texto, escrito há tanto tempo e que continua vivo".
Ainda assim, o escritor reconheceu que hoje não seria capaz
de escrever aquele texto, pessoal, biográfico, sobre "o amor ao pai, à
família, à terra, à vida".
Sandra Barata Belo encontra no texto um paralelismo sobre o
país: "Sobre esta depressão colectiva que nos afecta tanto. Como é que
aprendemos a andar com isto tudo que nos está a acontecer agora, com esta
identidade quebrada, sem esperança, adormecidos".
Sandra Barata Belo acredita ainda na descentralização. Por
isso é que a estreia de "Morreste-me" acontece no Alentejo, para
reforçar que é preciso fazer coisas fora dos centros urbanos.
Depois de Estremoz, a peça estará em cena de 24 de Janeiro a
3 de Fevereiro, no Teatro do Bairro, em Lisboa, e a actriz espera que o
espectáculo chegue a outras cidades, dentro e fora de Portugal.
Texto: Pedro Soeiro c/ Rádio Renascença | Cartaz: DR | Foto:
LUSA
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