A carne de porco é a “rainha” dos presuntos, mas um produtor
agrícola do Alentejo foi “beber” inspiração em Espanha e lançou agora, em lojas
gourmet do lado de cá da fronteira, o primeiro presunto de vaca português.
O produto tem “assinatura” do empresário Joaquim Arnaud e
“nasce” a partir das vacas alentejanas ou cruzadas de alentejanas que pastam
nas suas herdades na freguesia de Pavia, no concelho alentejano de Mora.
“Este produto é uma tradição espanhola, ainda que muito
restrita, e o que fizemos foi aliar o bom de Portugal com o bom de Espanha para
fazer um produto diferente”, explicou à agência Lusa o produtor agrícola.
As vacas, criadas em modo de agricultura biológico, são
transportadas para a zona de Leão, no norte de Espanha, onde são abatidas,
sendo o presunto produzido numa unidade de transformação especializada.
“Tem sete meses de cura e é ligeiramente fumado com madeira
de azinho e carvalho”, referiu o empresário, durante um passeio por uma das
herdades, sob o “olhar atento” dos animais que dão origem à sua mais recente
criação.
Em aliança com um mestre chocolateiro, estão a ser criados
bombons de vinho, vinagre, bolota e toucinho, sempre com base nos produtos das
suas herdades, referiu, revelando que, em breve, as “iguarias” doces também vão
estar à venda.Mas, a gama de produtos de Joaquim Arnaud é mais vasta e, além
dos mais tradicionais enchidos de porco de raça alentejana, vinhos ou azeite,
surgem outras autênticas curiosidades, que não apenas o presunto de vaca.
A filosofia, essa, é só uma, esclareceu: “Tentamos fazer
brilhar, de uma forma moderna, o nosso Alentejo e fazer produtos novos, criando
inovação aliada à terra, e depois transformá-los o melhor possível, seja onde
for”.
Para já, o produtor está a apostar no lançamento, em algumas
lojas gourmet e no circuito da restauração, do seu presunto de vaca, que
afiança ser único no país.
“Que eu conheça, em Portugal não existe nenhum [outro
produtor] a fazer isto”, sublinhou, confiante de que, apesar de os portugueses
estarem mais habituados ao presunto de porco, o seu “irmão” de vaca vai vingar.
Trata-se de “uma entrada excelente” que, aconselhou, deve
ser servido “cortado muito fininho, com um fiozinho de azeite e, depois, com um
bocadinho de queijo parmesão por cima”.
“Para quem não gosta de porco é uma excelente alternativa,
como é o caso dos países árabes”, vincou, adiantando que até já tem contactos
feitos com o Dubai com vista à exportação.
Mas, depois da introdução do presunto de vaca em Portugal, a
“aventura” de Joaquim Arnaud pelos mercados externos, cujo potencial “é muito
grande”, vai começar mesmo é pela Europa.
“Em janeiro, vamos começar a exportar para pequenas
lojas gourmet em Inglaterra. Depois, vamos apostar na Bélgica e até na Suíça,
onde curiosamente fabricam presunto de vaca, mas acharam graça ao nosso porque
tem travos diferentes”, disse.
Texto: LUSA | Foto: DR
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