Em Abril de 2013, portanto há praticamente um ano, a Câmara
Municipal de Estremoz iniciou um processo de investigação, produção de
conhecimento e angariação de apoios de personalidades e instituições, que tem como
objectivo final a integração da Produção de Bonecos de Estremoz em Barro na
Lista Representativa de Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO.
Já no próximo mês, em Abril de 2014, será dado o primeiro
passo para a conclusão deste objectivo, com a entrega à Direcção Geral do
Património Cultural, do "Pedido de Inventariação como Património Cultural
Imaterial da Produção de Bonecos de Estremoz em Barro".
Após estar concluída esta primeira fase, o Município estremocense
avançará para a constituição de uma Comissão de Honra e Executiva, que terá
como objetivo dar seguimento à candidatura a Património Cultural Imaterial da
Humanidade. Dentro de muito pouco tempo será remetida à Comissão Nacional da
UNESCO, ao Ministério dos Negócios Estrangeiros e à Secretaria de Estado da
Cultura, a carta que formaliza a candidatura oficial.
Visando dar visibilidade aos artesãos e à arte, trazer
jovens artesãos para a Barrística, dar seguimento à investigação, proceder à
publicação de monografias temáticas e realização de actividades educativas pela
região e país, vai ser promovida no terreno a realização de um Plano de
Salvaguarda do Boneco de Estremoz. Este Plano terá igualmente o intuito de
promover actividades de promoção do Boneco e artesãos, dando-se a conhecer uma
arte popular tão emblemática de Estremoz e do Alentejo, mas também de Portugal.
Há ainda o objectivo, integrado no Plano de Salvaguarda, de
candidatar a Colecção de Bonecos de Estremoz de Júlio Maria dos Reis Pereira,
do Museu Municipal de Estremoz Professor Joaquim Vermelho, a colecção de
Interesse Nacional, de modo a valorizar os Bonecos musealizados e dar-lhes uma
projecção nacional e internacional.
Após conclusão da investigação e redacção do documento que
apresenta a arte bonequeira e o porquê da pertinência da candidatura a
Património da Humanidade, a Câmara Municipal de Estremoz procederá à sua
entrega à Comissão Nacional da UNESCO, para que a mesma prossiga os trâmites
seguintes.
O Boneco modelado ao modo de Estremoz é uma produção
artística de carácter popular, com mais de 300 anos de história, a qual era
maioritariamente executada por mulheres nos primeiros séculos de existência da
arte.
A mesma consiste na modelação de uma figura em barro cozido,
policromado e realizado manualmente, segundo uma técnica com origem pelo menos
no século XVII, assente na montagem dos elementos bola, placa e rolo.
Depois de efectuado o corpo da peça (cabeça, tronco e
membros) e da cabeça ser colocada em molde para moldar a face, o boneco é
vestido por intermédio de placas recortadas na forma de roupas.
Seca, vai a cozer ao forno e posteriormente é pintado,
envernizado e novamente deixado a secar.
Como acontece desde as suas origens, o seu destino é
comercial. Funcionalmente, nos primórdios, o destino era religioso
(Imaginária). Hoje assume características decorativas e simbólicas.
Actualmente trabalham na arte: Afonso Ginja, Duarte
Catela, Fátima Estróia, as Irmãs Flores, Maria Luísa da Conceição e Ricardo
Fonseca. De modo mais contemporâneo, trabalham Jorge da Conceição, Carlos
Alberto Alves, Célia Freitas, Miguel Gomes e Isabel Pires.
Texto: Pedro Soeiro c/ Câmara Municipal de Estremoz | Imagem: DR
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