Conciliar turismo e fé é um caminho a redescobrir, numa
diocese que pretende mostrar aos fiéis que o Solar da Padroeira de Portugal é
um espaço de enriquecimento cultural mas sobretudo espiritual. No horizonte
está a concretização, a curto prazo, de uma peregrinação para doentes e idosos.
Anualmente passam pelo Santuário de Nossa Senhora da
Conceição, em Vila Viçosa, milhares de pessoas. Apenas em turismo ou por
devoção, o Solar da Padroeira de Portugal recebe portugueses e estrangeiros,
mas não são contabilizados na perspectiva do turismo religioso. Há iniciativas,
de âmbito privado, mas o ponto alto é mesmo nos dias 7 e 8 de Dezembro, data
que assinala a Solenidade de Nossa Senhora da Conceição e que mobiliza, também,
a Arquidiocese de Évora.
Por agora, e a nível diocesano, não há nenhum projecto para
promover o santuário. Contudo, o actual reitor, o Padre Francisco Couto,
gostava de pôr em marcha uma peregrinação para os mais vulneráveis. O reitor adianta
que se está “a tentar organizar uma peregrinação mais voltada para doentes e
idosos. Chamar-lhe-ia a “Peregrinação dos Frágeis”, que pudesse trazer ao Solar
da Padroeira, ao regaço de Nossa Senhora, aqueles que com Ela, são capazes de
criar maior intimidade e dela receber maior carinho e conforto”.
Pelas palavras do Padre Couto percebe-se que no essencial,
há um desafio, que passa por “chamar a atenção a nível diocesano, sobretudo,
para a existência deste Santuário, que é nacional e o da Padroeira de Portugal
e ainda por cima, sendo Nossa Senhora da Conceição, a Padroeira da nossa
diocese”.
Em declarações à Renascença, o reitor considera que “seria
interessante recolocar na rota dos diocesanos, sobretudo das paróquias e dos
fiéis, este santuário”.
O sacerdote reconhece que à Igreja, mais virada para as
questões da fé, não é fácil concretizar, nalguns casos, a promoção de um
turismo religioso, sem existir uma espécie de “aliança” com o Estado defendendo
uma “aproximação neste consenso de dotar os edifícios e o seu património de uma
mais valia, de uma qualidade diferente que ajude a conservar, mas por outro
lado, também embelezar para que o turista possa usufruir daquilo que busca e
que procura”.
Na arquidiocese eborense, o Secretariado Diocesano das
Migrações e Turismo não tem uma actividade específica para esta vertente. São
sobretudo as paróquias que se organizam e procuram proporcionar momentos de
lazer, nomeadamente viagens, sem descurar a componente espiritual quer através
da eucaristia, quer com momentos diários de oração e meditação.
O responsável do secretariado, Padre Adriano Chorão Lavajo,
reconhece que “há um potencial para explorar” e vai nesse sentido o trabalho
que é proposto às dioceses.
“Há uma preocupação do Secretariado Nacional do Turismo em
comprometer as dioceses com os respectivos secretariados, numa pastoral mais
organizada e que responda ao fluxo migratório quer interno, quer externo” referiu
à Renascença, o Padre Lavajo.
“Ou seja”, prossegue, “pessoas que peregrinam dentro do
próprio espaço nacional, com a passagem pelos vários santuários existentes
pelas dioceses fora, assim como quem vai para o estrangeiro, também ter atenção
a esta oportunidade da Igreja poder evangelizar a partir, das oportunidades que
os próprios lugares santificados proporcionam a quem se desloca com o sentido
de passeio ou com sentido expresso de peregrinação”.
Evangelizar pode, assim, passar pelos caminhos do turismo.
De resto, isso já acontece, até numa perspectiva de negócio.
“As grandes empresas de viagens jogam um bocadinho com a fé
dos fiéis para poder oferecer-lhes o que procuram, também espiritualmente, e
temos o exemplo da Terra Santa ou de Roma. As pessoas que saem para estas
viagens, fazem-no não só para passear, conhecer outras culturas, mas também
pela fé e o significado religioso desses lugares” conclui o Padre Francisco
Couto, reitor do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Vila Viçosa.
Texto: Pedro Soeiro c/ Rosário Silva (Rádio Renascença) | Imagem:
DR
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