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segunda-feira, setembro 10, 2012

Os bois pelos nomes!

Com a devida autorização do seu autor, o meu amigo Dr. António Peças, publico na íntegra o texto "Os bois pelos nomes", texto publicado na última edição do jornal estremocense Brados do Alentejo, edição nº 792, de 6 de Setembro, inserido na coluna "Cortesias", espaço assinado pelo cirurgião estremocense.
Um texto brilhantemente escrito, como é seu timbre, sem papas na língua e sem rodeios, como demonstra aliás a personalidade do seu autor.

Dr. António Peças
No passado dia 30 de Agosto desloquei-me a Lisboa, à praça de touros do Campo Pequeno, para observar “in loco” o meu grupo de forcados a pegar na corrida da RTP.
Fui ao quarto do hotel desejar sorte a todos, ajudar a fazer uns nós de gravata e fiz um pequeno discurso para moralizar, ainda mais, o grupo.
Para pegar o 5º da noite foi o forcado Nuno Mata. Não conseguiu ficar na cara do touro, caiu de costas e num movimento tipo “cambalhota para trás” foi comprimido na região cervical pelo touro e ficou imobilizado na arena…
Quem é médico e foi forcado percebe, imediatamente, que algo de grave se passa… Aquele pescoço, aquela inércia corporal, aquela posição dos braços e das mãos…
Passei pela enfermaria para confirmar que o Nuno ia ser transportado para o Hospital de Santa Maria e fui para lá, esperá-lo.
Conhecia bem os cirurgiões que estavam de urgência, contei a história e permitiram-me que fosse eu a observá-lo: ausência de sensibilidade e força a partir de uma linha horizontal um pouco acima dos mamilos.
Gelei…!!
Balbuciei qualquer coisa quando o Nuno me perguntou se ia ficar sem andar o resto da vida…
E não contive a emoção quando ele, o mais consciente de todos, me disse que queria morrer.
Acompanhei-o à TAC e à RMN, porque ele me pediu para não o deixar sozinho… Nesses exames confirmou-se a enorme gravidade do quadro: a medula parecia não estar seccionada mas estava garantidamente lesada.
Operado na 6ª-f, confirmaram-se os piores receios: um rapaz de vinte e sete anos nunca mais na vida se vai mexer…!
Esta história é, só por si, uma tragédia.
Seja um forcado, um artista de circo ou um motociclista!
A onda de solidariedade tem sido impressionante!
No entanto, essa escumalha que se intitula protectora dos animais tem feito questão de se vangloriar pelo sucedido!
Tenho lido comentários que julgava impossíveis, nos quais só acreditei depois de confirmar pessoalmente, vindos de quem se diz tão moralmente avançado e civilizado!
Acho que os touros, se pudessem, não gostariam de ser defendidos por estes animais!
Penso que todos os toiros que peguei na vida eram mais nobres do que esta gentalha!
Julgo que lhes deveremos responder fisicamente da próxima vez que nos insultarem, como tradicionalmente fazem nos seus “ajuntamentos” à porta das praças! O perigo vem deles, porque nunca houve necessidade da presença de forças de intervenção em praças de touros!
Estou farto dos direitos das minorias! Enjoo quando vejo jovens terem tempo para participarem em manifestações mesquinhas! Rejubilo quando ouço uma deputada dizer que o BE teve menos votantes do que os espectadores televisivos de uma tourada!
Desejo, àqueles que ladraram felizes pelo sucedido ao Nuno, que numa estrada qualquer um touro bravo lhes entre pelo vidro do carro e depois de os cobrir com a sua bosta lhes arranque as cabeças com as suas hastes afiadas!
Eu seria um acérrimo defensor desses animais!!

16 comentários:

José Rego disse...

Eu, sou absolutamente e convictamente anti- touradas e não anti - taurino como gostam de dizer. E aquando do que aconteceu ao forcado, apesar de considerar que estava ali de livre vontade, lamentei profundamente o sicedido a um jovem que corria o risco de ficar paraplégico. E não concordo com algumas das coisas que vi escritas de um lado e do outro desde á muito tempo. eu próprio que sempre defendi o meu ponto de visra de forma respeitosa, até porque ao contrário daquilo que também gostam de dizer tenho 53 anos e sou empresário, fui ofendido pessoal e profissionalmente por degfensores das touradas. Portanto não é um problema de agora e apenas de um lado. E para reforçar aquilo mesmo que acabei de escrever, está este absolutamente lamentável texto. Ainda por cima escrito por algúem qu, ao contrário do que seria de espera, não é um qualquer ignorante é sim uma pessoa com formação superior. Um médico. Gostaria de saber o que dirá a Ordem perante estas afirmações que demonstram um enorme ódio, de alguém que poderá ter de tratar de alguma das pessoas que apelida de "animais" "gentalha" "cães"e incentiva á agressão fisica para com estas pessoas.Não quero crer que seja médico, se for é simplesmente lamentável. O que foi escrito é mau de mais para ser verdade para ser verdade. Como não ofendi nimguém espero que publiquem o que escrevi. José Rego

Anónimo disse...

Não sou nem a favor nem contra as touradas. Nunca paguei para ver touradas. Mas nunca insultei ninguém por ir ver essas mesmas touradas. E se algo até aprecio é o valor dos forcados. Segui com interesse e paulatinamente com uma enorme tristeza as notícias sobre este rapaz que não conheço. Oxalá a "ciência" se engane e ele possa voltar a andar. Difícil, muito difícil, mas não a primeira vez que isso aconteceria. Rezo por isso. Dito isto, o texto do Dr. Peças, que está bem escrito, sim senhor, peca pelo final. Olho por olho, dente por dente? Não me parece a melhor solução. E sobretudo quantas pessoas são contra os touros? Quantos "protegem os animais"? Milhares, com certeza. E quantas se manifestam à porta das Praças? Um par de dezenas. Eu nunca. Quantos deles provocam? Decerto não todos os que estão nessa manifestação. Vamos generalizar? Apoio que se ignore essa "gentalha", agora responder fisicamente? Diz isso um médico? E sobretudo "Estou farto dos direitos das minorias". Todos somos minorias. Somos alentejanos, e por isso sofremos mais que ninguém as consequências dos actos do governo Central. Somos portugueses, e sofremos as inclemências da União Europeia. Quem não é minoria? E gostamos de ser tratados como "alentejanos", engraçados mas que recebem cacetadas por parte do Governo Central? Dito isto, oxalá o Dr. Peças possa dizer um dia que o corpo médico se enganou e o Nuno voltou a andar. Todos seríamos felizes. E quanto ao blog, sem eu ser de Estremoz, parece-me excelente. Continuem o magnífico trabalho.

Unknown disse...

Boa tarde e obrigado a todos quantos visitaram o meu blog nestes últimos dias. Este meu comentário serve apenas para realçar que não serão publicados quaisquer comentários ofensivos para com a pessoa do Dr. António Peças. Poderão fazer prevalecer os vossos pontos de vista e as vossas ideias sem ofenderem, tal como o fizeram os autores dos comentários acima publicados. Sem outro assunto de momento, despeço-me atenciosamente

Academia Popular de Filosofia "A Voz do Operário" disse...

É lamentável haver pessoas que ainda por cima ocupam posições de responsabilidade terem atitudes e posições desta natureza. Se podia ter razão quanto ao exagero de alguns comentários que supostamente viu em que defensores dos animais se excederam, perdeu. Pelas razões que foram mencionadas no comentário anterior. Eu que possivelmente pertenço a uma minoria sinto pavor ao pensar que posso um dia precisar de um médico e deparar-me com um profissional desta categoria, que nem tem a desculpa que outras pessoas têm para apresentar argumentos deste calibre, com um imaginário que é no mínimo infantil e macabro, mas que infelizmente faz parte do quotidiano de quem se dedica a práticas violentas e está habituado à linguagem da força,dos ferros e do sangue. Se queria defender a sua actividade "cultural" fê-lo da pior maneira ilustrando com clareza o resultado do tipo de cultura que pratica. O que é que se aprende com isso? o ódio, a violência e a insensibilidade para uma série de outras questões mais sociais do que animais...

Anónimo disse...

Direitos das minorias ? Quando um dia houver um referendo sobre o assunto você vai ver quem são as minorias.

JOÃO PARREIRA disse...

não concordando em generalizar os que não gostam de tourada que como diz o anónimo acima são bastantes os que vão para as portas das praças vão só á procura de protagonismo e de aparecerem na tv e ofendem quem gosta eu pessoalmente adoro inclusive tive convites para ser forcado mas na altura não tive hipotese, o tempo que tinha não dava para isso e fiquei realmente triste mas ainda hoje me sinto como um do grupo seja ele qual for que vá pegar era como se estivesse em praça com eles e desde já o digo (até agora não foi o caso) se ouvir alguém a vangloriar-se ou mandar qualquer "boca" em relação ao que aconteceu ao nuno o mais certo é ir fazer-lhe companhia a santa maria porque leve um "enxerto"

Ricardo S. Coelho disse...

Caro Pedro Soeiro, acho curioso que o cuidado de não publicar insultos apenas se aplica a um dos lados da contenda. Não percebo tanto zelo, quando o texto publicado está repleto de insultos e até apelos à violência física e, no entanto, foi rotulado como sendo "brilhantemente escrito".
Numa coisa estamos de acordo: o texto demonstra a personalidade do seu autor. E de quem o republica, já agora.

Unknown disse...

Caro Ricardo Coelho, ainda sou que penso pela minha cabeça, ainda sou eu que defino aquilo que publico no meu blogue, ainda sou eu que defino quem devo ou não proteger, e ainda sou eu que tenho liberdade para classificar o que acho de "brilhantemente escrito" ou o que acho de "gentalha". O texto demonstra uma coisa: não será um bando de arruaceiros ou de uma suposta classe intelectual superior que acabará com uma tradição deste país. Muito obrigado pela sua atenção.

Anónimo disse...

"comentários ofensivos","sem ofenderem", tenha paciência srº pedro soeiro, então k dizer do texto escrito pelo drº "arruaceiro" peças, e k dizer do srº joão parreira.

Anónimo disse...

Pedro Soeiro, o que acabará com a essa maldita tradição são os pró touradas com os seus discursos ofensivos, violentos e ocos de argumentação. Já para não falar do caso do Marcelo Mendes. Em relação ao que acha brilhantemente escrito, devia rever o seu conceito de literatura. Experimente ler um Saramago, vai ver que se cultiva.

Ricardo Almeida disse...

Um aficionado pode um dia vir a repudiar a tauromaquia mas dificilmente alguém contra esta prática conseguirá vir a apreciá-la.
O caminho para se tornar aficionado felizmente só tem um sentido.
Não lamento o que aconteceu ao forcado Nuno mas tenho muita pena do que aconteceu ao jovem Nuno, que aos 27 anos de idade, se viu frente a frente com um touro de uma tonelada sem qualquer razão válida. Os miúdos que aderem aos grupos de forcados sofrem uma lavagem cerebral sem precedentes por forma a eliminar quaisquer sentimentos de empatia e auto-preservação. Estes são por sua vez substituídos por conceitos ocos (neste contexto) como "honra" e "coragem". Adormecidos desta forma, são depois conduzidos para arenas onde enfrentam animais que, apesar de muito enfraquecidos, ainda tem força suficiente para os aleijar a sério. E para quê? Para que na plateia, um selecto grupo de pervertidos se regojizem com o sofrimento, que neste caso é de ambas as partes.
Perante isto, volto a reforçar, o forcado Nuno não merece qualquer simpatia pois ele não é mais do que uma ferramenta ao serviço dos mesmos que a construiram. Já o jovem Nuno é uma vítima de uma sociedade decadente, onde os lobbies tauromáquicos continuam a violar a lei e a arriscar a vida de jovens influenciáveis, apenas em nome do lucro, que por eles surge disfarçado de "tradição" e "cultura". Por esta razão espero sinceramente que o jovem Nuno recupere e que use esta experiência para acabar de vez com o forcado Nuno.

Anónimo disse...

O problema das touradas não está no corajosos forcados que resolvem desafiar estoicamente e com valentia o touro bravo, lamentável Dr. Peças, pois não percebe ou não se informa do que pensa essa tal de "minoria desprezável" (até porque a maioria nem sempre sabe mais e melhor;enfim...), outros hão, que curam, zelam pelas feridas no reino animal. Será a tourada não pode evoluir? Têm mesmo que espetar as farpas para terem o prazer de ver o animal a sofrer.
Violência não obrigado! O ser humano tem o dever, de dignificar o mundo e a sua própria existência. Não crie fantasmas, deixemos melhores valores á novas gerações, aceitar as minorias espelha a nossa grandeza de alma. cmts.

Luísa Antunes disse...

Sou contra as touradas na praça e esta tourada agora lançada pelo Senhor PEças que mandou uma sfarpas com se fosse ele o dono e senhor da razão. Haja respeito por QUEM NÃO GOSTA DE TOURADAS.

Zé de Estremoz disse...

Assim se fala em bom Estremocense, artigo muito bem escrito por alguém que conhece bem o meio e que sempre foi e será uma pessoa direta e um excelente profissional, parabéns António Luís. Pena tenho que a falta de sensibilidade de certas pessoas, atitudes e comentários levem a que a situação chega-se ao ponto a que chegou. Quando se lê nas redes sociais comentário de prazer com aquilo que aconteceu ao forcado Nuno Carvalho, fico a pensar se essas pessoa que se intitulam defensoras dos animais, sabem que o homem também é um animal racional. HAJA RESPEITO POR QUEM GOSTA DE TOURADAS E PELA VIDA HUMANA.

Anónimo disse...

minha cara luisa antunes. voce e aquela que tem menos razao. quando vai ao talho compra carne de vaca ou de boi. ja nao faz mal? pense! E respeitem as pessoas e as opinioes de quem gosta de touradas. se e assim ninguem comia nada e morria tudo a fome.

Anónimo disse...

Meus caros,

Segundo dizem, em Portugal vivemos e democracia, assim aqui vai um recado tanto para aqueles que são aficionados como para aqueles que são contra as touradas, que é o meu caso:

Democracia significa liberdade de expressão, não só num todo em coletivo como é a liberdade individual de cada um de nós expressar os nossos ideais.

Independentemente de não concordar com as touradas, por achar um espetáculo decadente….tenho que respeitar aqueles que concordam com a existência das mesmas, e por outro lado, não nos podemos esquecer, que até à presente data os atos praticados nas touradas não constituem nenhum facto ilícito…

Contudo, é triste ver como as pessoas se condenam umas às outras de forma tão leviana ( tanto os pró touradas como os anti touradas), embora não concorde e tenha ficado chocada com a segunda parte do escrito do Dr.º Peças, por ter pecado pelo excesso de agressividade e de impropérios ( o que em nada dignifica a classe médica), custa-me a acreditar que este senhor na qualidade de médico que é, e pela quantidade de vidas que já deve ter salvado, sinta qualquer tipo de repudio pela vida humana…sinceramente dou-lhe o beneficio da dúvida, e acredito que escreveu o que escreveu foi no calor da emoção: por ver um amigo naquele estado, e de seguida ter ouvido ou lido um comentário desumano…embora sendo uma pessoa letrada e supostamente educada deveria ter mais cuidado e ser menos emotivo naquilo que diz.

Por fim, sempre me cumpre dizer que LAMENTO muito o que sucedeu ao jovem forcado Nuno, sinceramente espero que um dia volte a andar! Vamos acreditar na evolução da ciência!

Por isso meus senhores e minhas senhoras sejam mais democratas e tolerantes uns com os outros... e parem de se agredir e ofender!

PS: Peço desculpa ao “dono” do Blogue, mas considerar um texto brilhantemente escrito, julgo que é um pouco exagerado…deveria ler mais…o Dr.º Peças, com a devida vénia, não possuí propriamente dotes jornalísticos, nem me parece que venha a ter qq tipo de potencial de futuro escritor.

Carminho de Andrade