Há mais de 20 anos que fazem Presépios de Estremoz e afirmam
que a representação do nascimento de Cristo está na origem da “arte bonequeira”
da localidade, inspirada no quotidiano alentejano. As barristas “Irmãs Flores” receberam
a equipa de reportagem da Agência ECCLESIA e falaram sobre uma das peças mais
conhecidas da barristica estremocense, e também sobre a Exposição de Presépios
que está patente ao público na cidade alentejana.
Segundo Maria Inácia, que com a irmã Perpétua Sousa trabalha
o barro na oficina das “Irmãs Flores”, no centro de Estremoz, “as primeiras
peças que se fizeram” do figurado estremocense “foram peças de presépio”.
A artesã acrescentou, sem deixar de trabalhar o barro para
fazer mais uma peça para um presépio, que antigamente faziam mais “o presépio
tradicional, o de altar”. No entanto, e como a própria referiu, hoje há muitas
pessoas coleccionadoras de presépios, o que faz com que as “Irmãs Flores”
tenham de imaginar outros presépios, mas sempre “a partir das figuras
tradicionais”.
“Neste momento estou a fazer uma figura que é para
acrescentar a um presépio de uma senhora que tem 16 netos e todos os anos
oferece uma figura a cada neto. Cada um já tem um presépio com mais de 20
figuras, porque há mais de 20 anos que ela oferece uma figura”, recorda Maria
Inácia enquanto termina mais um alentejano de capote que, com uma senhora com
um menino ao colo, fazem as figuras para a coleccionadora oferecer este ano.
Para as “Irmãs Flores”, a criatividade é o desafio da arte
tradicional que as motiva todos os dias a fazer presépios “diferentes”, a
partir da cultura e das tradições alentejanas.
Perpétua Sousa sublinha que as “Irmãs Flores” têm
“espalhados presépios por todo o mundo”, porque são procurados por muitos
turistas não só no Natal, mas ao longo de todo o ano.
“O presépio de Estremoz é único. Não há em mais lado nenhum.
É um presépio de altar, inspirado nos muitos fontanários que havia na nossa
cidade e composto por nove peças: a Sagrada Família, os três reis e os três
pastores”.
O “presépio de altar” é o “característico” de Estremoz, com
três figuras expostas por cada um dos três patamares do altar que enquadra a
representação do nascimento de Jesus na arte barrista desta localidade.
Perpétua Sousa conta que para além do “presépio de altar” há
muitas criações dos artesãos de Estremoz que recorrem a hábitos e costumes da
região para representar a natividade, colocando o nascimento de Jesus nos mais
variados contextos.
A cozinha alentejana ou o ambiente de um galinheiro são dois
cenários para outros tantos presépios das "Irmãs Flores" que estão na
VII Exposição de Presépios de Artesãos do Concelho de Estremoz, patente ao
público na cidade.
Entre os 23 artistas presentes nesta mostra, que criaram
presépios a partir de diferentes materiais como o barro, a cortiça, o ferro
forjado ou a lá de ovelha, está Ricardo Fonseca, sobrinho das “Irmãs Flores” e
a trabalhar na mesma oficina.
Primeiro para passar tempos livres, depois como ocupação
profissional, Ricardo Fonseca aposta em “criações” pessoais, representando o
presépio em novos ambientes, oferecendo outra criatividade à arte barrista que
aprendeu das suas tias.
A VII Exposição de Presépios mostra 40 peças de artesãos de Estremoz
e pode ser visitada até ao dia 6 de Janeiro, na Galeria D. Dinis.
Texto: Pedro Soeiro c/ Agência ECCLESIA | Foto: DR
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